segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Arbeit macht frei!

Já alguma vez estiveram numa situação tão embaraçosa, tão embaraçosa que se tivessem um buraco no chão a jeito, ou uma porta de armário aberta, teriam, sem dúvida, desaparecido? Pois, eu já, e infelizmente era anfitriã num jantar e não pude propriamente abandonar o meu posto!
Mas também vos digo, tentar fazer rir os alemães é um castigo demasiado penoso que não desejo a ninguém!
Bom, confesso que a piada não era assim a rainha das piadas, nem de longe a melhor que eu já fiz... mas pronto, quer dizer, também não era assim tão má! Bolas!

Mas enfim, vamos aos factos! Na sexta-feira à noite fizemos um jantar cá em casa com quatro alemães, uma inglesa e uma russa. Tudo estava a correr bem, pessoal divertido e completamente maravilhado com a nossa arte de servir tipicamente portuguesa, (e claro, com os meus dotes culinários!). Conversa puxa conversa, falámos sobre férias. Ora, como matemáticos doutorandos que são, a maior parte deles não ia fazer férias, coitados, tanto é o trabalho! Ora, e eu, como boa portuguesa que sou, para quem férias é um direito adquirido impensável de não acontecer, lá disse: "Uau, ninguém vai fazer férias aqui? É caso para dizer Arbeit macht frei!", isto claro, com uma intenção irónica (é melhor explicar bem, não vá um alemão estar a ler isto!) E pronto, com estas pequenas palavrinhas assinei a minha sentença! Recebi como resposta um silêncio intenso, desviares de olhos, aclarares de gargantas e uma cara corada minha, pois claro! How embarrassing!

Atenção aos leitores que ignoram muitos dos pontos da minha curta vida: eu sei o que é a cultura alemã, estudei-a! A so called "culpa" que o povo alemão carrega por tudo o que aconteceu antes e durante a Segunda Guerra Mundial ainda está muito presente! Mas, por favor, neste caso estamos a falar de gente da minha geração, não propriamente da geração dos nossos pais ou avós!
Infelizmente, esta questão ainda é muito complicada. Vejam só que no ano passado, durante o Mundial, muitos alemães tiveram dificuldade em aceitar ver a bandeira alemã exposta em cada esquina, em cada canto, em cada mão adepta.

Confesso que achei a questão muito curiosa, ainda mais sendo eu observadora, longe da problemática que os afectava. Foi um tempo confuso para eles! E um muito interessante para mim, porque tive a oportunidade de testemunhar como, aos poucos, eles foram aceitando a evidência de que a bandeira alemã não representava nada mais do que a sua pátria, de que o passado já ia longe, e de que o presente era bem mais diferente.


Enfim, com isto aprendi que podemos ser todos europeus, unidos pela União Europeia, continente civilizado, blá blá blá, mas também somos, cada um de nós, pátrias europeias, únicos na sua cultura e forma de ver o mundo.

5 comentários:

gnreis disse...

OK, eu tb estive no jantar! mas não fiz nada! Não limpei a casa nem a casa de banho, não cozinhei, não bati o bolo, não descasquei TUDO, não fiz duas das saladas, não lavei a louça (antes do jantar), não limpei a louça (depois do jantar). Isto é que é vida, sentei-me no sofa com a Julia ao colo e um copo de sumo na outra mão. Isto é que foi!

Me, Myself & I disse...

Ahahah! Bom, tu foste de grande ajuda, sim senhor! Sem ti não o teria feito! No entanto:
Não fui eu que fiz aquela maravilha de caldeirada, com o meu toque fantástico e original, tempero perfeito, delicioso? Também não fiz a pasta para os não-amantes de peixe, mais a pasta vegetariana, simplesmente perfeita? E a salada de frutas, apareceu do ar? E o bolo, meu querido, quem o bateu fui eu! E quem decidiu improvisar quando tivemos problemas, e quem inventou aquele recheio simplesmente divino? Das saladas, só fizeste uma! E também não fui eu o grande cérebro desta operação, resolvendo os problemas que surgiram, decidindo o que fazer primeiro?

Ó vida injusta, ingrata, dolorosa!

P.S. O copo que tinhas na outra mão não era de sumo ;)

Td menos amorzinho ou sobremesas disse...

Isso qualifica para um verdadeiro 'Ups'... foi sem querer mas foi! :) Pode ser que da próxima vez eles se riam. E pensa assim, eu se calhar tb n dava uma gargalhada com algumas das coisas que aconteceram antes do 25 de Abril e n foi nada comparado com o caso da Alemanha. Perspective, my dear... loads of it!!

Anónimo disse...

Que belo prego a moda raqueliana! Caso para dizer the Rachelet Show, mas neste caso, contigo. Deixa la, que nestas ferias meti uma serie de pregos desses, quase todos relacionados com o facto de andar a falar a vontade ao pe de gente q depois era portuguesa ou brasileira e percebia tudo... E se te disser q estive com gente do Norte, saberas q tipo de linguagem foi predominantemente utilizado.

luka disse...

em todx estx anos ñ aprendest nada cmgo???ai k a menina ñ presta! a kulpa ñ e nada "so called" e s axas k é ridikulo os teus convidadx sentirem-se assim, ó pa mim: os meus papis nem seker são alemães e eu sinto exactamente o mm! what can i say? axo k é dos ares e das salxixas!
e já agora os alemães têm um ganda humor, ouvist? vamo lá ver s a gent s entend!
cheers
:)*