quinta-feira, 27 de setembro de 2007

a vontade de ser diferente OU um post gigante!

Há dois fins-de-semana atrás fui a Portugal, ao casamento de uns amigos... e devo confessar que fiquei impressionada. Os meus espanto, surpresa, estranheza não estavam directamente relacionados com este casamento em particular, mas com todos os casamentos e todas as regras sociais a respeitar inerentes...

Posso dizer com tranquilidade que não pertenço ao grupo dos comuns mortais ditos "normais", que respeitam, com todo o automatismo de uma máquina, os valores, regras e "tens de ser" com que cresceram. Também posso dizer que não sou completamente "anormal" quanto a estas tradições, reclamando o meu lugar ali no meio, renunciando ao que "tem de ser", ao que parece mal, ao que é completamente odiado por ser diferente, mas com consciência e sem exageros.

Por vezes, esta posição onde me encontro mostra-me a sua insegurança, a sua "tremelidade", já que nem sempre sei o que fazer no momento certo. Infelizmente, vivo muitas vezes o dilema do que "tem de ser", do que parece mal. Não por mim, porque eu normalmente sei o que quero fazer, mas pelos outros que me rodeiam e são importantes para mim e que poderão, de alguma forma, reagir mal ao estranho-não-normal com que às vezes escolho viver a vida. Não é que alguém já me tenha dito alguma coisa, mas muitas vezes sinto o peso das regras, dos olhares dos outros, do raio da sociedade que muitas vezes já me chateia!

Não posso vestir vermelho no funeral de um amigo porque todos vão comentar, apesar de todos sabermos que ele odiava luto, idiotices de funerais com igreja, santinhos, beatinhas e sei lá que mais! Sabendo eu que ele gostava dos Ches do mundo, de vermelho e do Benfica e que, apesar dos seus setenta e tal anos, era mais jovem do que muitos e odiava tudo o que fosse considerado normal. Sim, ele era um rezingão nato!

Estes rituais sociais irritam-me cada vez mais! Sinto que estou a passar por uma fase na qual não demonstro qualquer paciência, tolerância ou compreensão pelos ditos!
Nunca posso fazer o que eu quero, o que eu acho apropriado porque uma idiota de uma sociedade criou estas regras de m**da, forjou os mandamentos a ferro para que mais ninguém se esquecesse deles e condena todos aqueles que decidem sair da linha. Não há paciência...

Sei que me queixo de barriga cheia, porque nem sequer tenho uns pais muito "normais", mas mesmo assim, há uma sociedade inteira lá fora que observa e condena.

Quando começo a pensar em fazer algo parecido ao que os meus amigos fizeram há dois fins-de-semana atrás, perco logo a paciência e vontade, por saber que as outras partes todas envolvidas, apesar de não directamente ligadas à união, se meterão e dirão de sua justiça o que tem de ser feito.
Eu observei de perto as chatices de preparar um casamento, o stress, a vontade que tudo acabe depressa, só porque tem de se respeitar os desejos de milhões de pessoas que estão à volta, tentando evitar complicações...
Na, isso não é para mim! Tanto mais porque eu não sou nada diplomática e paciente e me irritaria logo de uma vez com aquela gente toda. Cá para mim, acho que vou manter-me nesta vida em pecado por um grande bocado!

Só mais uma coisa... conheço alguém que resolveu escolher o outro lado e, de alguma forma, renunciar à sociedade e à forma de viver consideradas aceitáveis. Afinal de contas, há muitas outras formas de viver, além deste mundo que todos nós conhecemos!
Foi uma decisão corajosa, tendo em conta o que implica escolher um caminho próprio e diferente de tudo a que os outros que nos rodeiam estão habituados. De qualquer forma, foi uma escolha que eu admirei e ainda admiro muito. Parabéns, R.!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Finalmente!

Isto de ter Internet tem muito que se lhe diga! Principalmente quando nos habituamos a ela de tal maneira que já toda a nossa vida roda à volta de um computador. Este tipo de relação pode dar para o torto quando os funcionários incompetentes, ignóbeis, idiotas e esquecidos, mesmo depois de renovado o contrato (há mais de um mês!), se esquecem de fazer as coisas como deve ser! Conclusão: a Me Myself & I está muito irritada!

Bom, agora que a ausência está esclarecida, vou postar aqui a resposta a um desafio que um querido vizinho meu, morador de um blog não muito longe daqui, me fez! Miguel, aqui vai!

1) Pegar no livro mais próximo: The Wind-up Bird Chronicle de Haruki Murakami
2)Abri-lo na página 161
3) Procurar a quinta frase completa
4) Colocá-la no blogue: "Perhaps non-existent."
5) Usar o mais próximo: Estava em cima da mesa de entrada, ao lado da minha bolsa. É o meu companheiro de metro, café, jardim...
6) Passar o desafio a cinco pessoas: Hum, agora assim de repente, não sei. É evidente que o farei às gajas da Flul, do Blog da Malta, mas a essas eu escreverei directamente no nosso blog, a nossa casa de encontros por excelência! À Rachelet, claro! E aos demais que por aqui passarem! Mas avisem, que eu depois quero ler!


terça-feira, 4 de setembro de 2007

Jane Eyre reinventada

Eu sempre me interessei pela obra da Paula Rego! Gosto, adoro, é curiosa, escura e obscura, louca e no entanto tão real, às vezes... Enfim, adoro saber que temos artistas portugueses que marcam a diferença lá fora (às vezes até demais, tendo em conta que temos um punhado deles a viver no estrangeiro)!

Confesso que não me importaria nada de ter uma Paula Rego na parede da minha sala (não a Paula Rego em si, note-se, mas uma obrasita dela, uma pequenita, vá), mas imagino que nem sequer fundos tenho para um centésimo do quadro... desvantagens de se ser pobre! Para mim tudo o que é belo devia ser de graça! Agora ter que pagar uns milhõesitos para ter um Klimt em casa ou quem sabe um El Greco! Acho injusto! Deprimente! Perverso!

Bom, mas como eu estava a dizer, gosto muito da obra da D. Rego e até tive o privilégio de a ver ao vivo e a cores, naquelas suas dimensões gigantescas! E por lá descobri uma coisa: sua excelência também tem uma paixão pela Jane Eyre. Digo também porque eu própria caí nas graças (ou será garras?) de Miss Eyre e do seu Mr. Rochester...
Colegas de faculdade, cujo fado tropeçou nesta obra, entendeis-me, não entendeis?


Bom, e perguntam vós, caros leitores: "Que raio tem a Rego a ver com a desgraçada da nossa Jane?" Pois é, aí é que está! É que a nossa excelente pintora, já acima referida, resolveu pintar a Janinha, tal foi a impressão que lhe deixou! Na verdade, terá sido a mente ingenuamente e deliciosamente louca de Charlotte Brontë que fez com que Paula Rego quisesse reinventar Jane Eyre! Para mais informações, clicar aqui!

E agora, para presentear os vossos olhos, tão cansados de ler tanto blá blá blá, apreciem bem os quadrinhos, vá lá!