quinta-feira, 31 de maio de 2007

Jörg Immendorff: 1945-2007

Jörg Immendorff "Café Deutschland (Lift/Tremble/Back)"

Confesso que já conhecia este nome, mas se me perguntassem exactamente o que significava, não saberia dizer. Foi preciso Jörg Immendorff morrer para eu ter consciência do que era, de quem foi, do que representa.
Bendita Internet que não me obriga a viajar para outros lugares à procura de museus que contenham obras do senhor, se bem que a justiça só é feita a uma obra de arte quando se está perto. Enfim, nada que não se resolva num futuro próximo, espero eu!


Jörg Immendorff foi um artista plástico, pintor e escultor, que usou o surrealismo e o simbolismo para expressar as suas ideias políticas. O quadro que aqui mostro dele é exemplo disso. Faz parte da série Cafe Deutschland e trata a questão do conflito entre Este e Oeste, na Alemanha, RDA e RFA, para quem não está a ver.

Foi sempre bastante polémico, e é isso, devo dizer, que o torna tão especial. Quem é que realmente interessante não o é?
Quando penso em pessoas assim, que se destacaram de alguma forma, que viveram até ao limite, expressando-se como queriam, lembro-me sempre de uma coisa que Manoel de Oliveira disse. Perante a pergunta se preferia ir para o Céu ou para o Inferno, Oliveira respondeu: "Para o Céu por causa do clima, mas para o Inferno por causa das companhias."
E se de boas intenções está o Inferno cheio, de gente extraordinária também!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

de volta

Depois de umas curtas férias em que tentei ao máximo afastar-me da Internet, aqui estou eu de volta à blogosfera, a Berlim e, enfim, ao quotidiano!
Apesar do tempo idiota com que me recebeu, tenho que confessar que já tenho saudades de Portugal! É que só mesmo ele é assim, tão imperfeito e confuso, tão brilhante e temeroso, tão cómico e ridículo! Não, não há nada como Portugal, com os seus defeitos e as suas peculiaridades! Com um Gato Fedorento e um Salazar, com um PNR e 13 candidatos à câmara de Lisboa!
Bom, mas que Berlim não fique triste! Por enquanto ando por aqui aproveitando os 28 graus de bom sol e calor que ela tão generosamente me oferece! Estou cá com a impressão de que foi ela que subornou São Pedro para me receber em Portugal com chuva, na esperança que eu voltasse mais depressa! Gosta de mim, coitada, não há nada a fazer!

Nestas viagens tão curtas, com tantas prioridades, só lamento não poder ver toda a gente que queria. O tempo é escasso. Mas pronto, pelo menos temos outras coisas que nos aproximam! Queridos mail, correio, MSN, telemóvel e blogosfera, eu vos saúdo!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

o belo, a inspiração, o nirvana...

domingo, 13 de maio de 2007

Yuupppiiiii!!

Generate Your Own Glitter Graphics @ GlitterYourWay.com - Image hosted by ImageShack.us

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sexta-feira, 11 de maio de 2007

Song of Innocence

William Blake, The Ancient


Porque há momentos em que apenas o belo me faz alcançar a serenidade... Um momento high, só para mim! :)

quinta-feira, 10 de maio de 2007

"Für Stein und Fliese - der Portugiese!"


Lá ia eu na minha vidinha, a passear pela rua, o dia estava lindo, a temperatura convidada a gelado, e eu flutuava pelos pensamentos, feliz da vida... quando, de repente, pelo canto do olho vi qualquer coisa familiar que me chamou logo a atenção.
Uma carrinha já velhita, de um amarelo já muito pouco amarelado, estava estacionada na rua, com aspecto de abandonada, coitada, já cansadita pelos anos! A matrícula era berlinense, mas tudo o resto cheirou a Portugal! Até a rima que o Sr. Nunes tentou fazer para chamar a clientela:

"Für Stein und Fliese - der Portugiese!"

Dá para perceber, mesmo para quem não tem conhecimentos de alemão, que o esforço do senhor não foi nada mau. Já vi poetas mais famosos com menos jeito para isto. Provavelmente falta-lhes matéria-prima! Mas enfim, all comes down to rhyme, e tenho a certeza que o sr. Nunes tem bem mais sucesso do que a carrinha deixa transparecer!

Bom, eu por cá fiquei contente por ver qualquer coisa tão familiar! É sempre tão refreshing encontrar qualquer coisa que saiba a casa! E agora ainda mais, sabendo que daqui a poucos dias poderei voltar a caminhar em solo português, nem que seja por uns míseros 10 dias!

P.S. Para quem acha que a tradução do slogan do sr. Nunes, digno de ser intitulado de manobra de marketing, é importante, aqui vai, mas depois não digam que não vos avisei de que em português não tem piada nenhuma:

Para tijolo e azulejo, chame o português!

Tive que acrescentar ali uma palavrita, senão ainda ficava pior. Mas pronto, como disse, em deutsch funciona!

segunda-feira, 7 de maio de 2007

"You gave me hyacinths first a year ago"

«Summer surprised us, coming over the Starnbergersee
With a shower of rain; we stopped in the colonnade,
And went on in sunlight, into the Hofgarten,
And drank coffee, and talked for an hour.
Bin gar keine Russin, stamm' aus Litauen, echt deutsch.
And when we were children, staying at the archduke's,
My cousin's, he took me out on a sled,
And I was frightened. He said, Marie,
Marie, hold on tight. And down we went.
In the mountains, there you feel free.
I read, much of the night, and go south in the winter.

What are the roots that clutch, what branches grow
Out of this stony rubbish? Son of man,
You cannot say, or guess, for you know only
A heap of broken images, where the sun beats,
And the dead tree gives no shelter, the cricket no relief,
And the dry stone no sound of water. Only
There is shadow under this red rock,
(Come in under the shadow of this red rock),
And I will show you something different from either
Your shadow at morning striding behind you
Or your shadow at evening rising to meet you;
I will show you fear in a handful of dust.
Frisch weht der Wind
Der Heimat zu.
Mein Irisch Kind,
Wo weilest du?
'You gave me hyacinths first a year ago;
'They called me the hyacinth girl.'
—Yet when we came back, late, from the Hyacinth garden,
Your arms full, and your hair wet, I could not
Speak, and my eyes failed, I was neither
Living nor dead, and I knew nothing,
Looking into the heart of light, the silence.
Od' und leer das Meer.»

in Wasteland, T.S.Eliot

quinta-feira, 3 de maio de 2007

O ritual da corte

No outro dia estava eu sentada no café, tão descansadinha na minha vida, de livro e de cappuccino como companhia, até que a minha doce paz se viu minada por um casal que se sentou mesmo ao lado da minha mesa.

Não é que eu não goste de pessoas, até tenho os meus amigos, poucos sem dúvida, porque se há coisa para a qual eu não tenho paciência é para conhecer gente nova! Estar com conversas, tentando descobrir um tema em comum que me una à pessoa que acabei de conhecer é daqueles momentos penosos que eu evito a qualquer custo.

Estive a pensar: não é verdade que a condição humana com respeito às relações é bastante curiosa, direi mesmo esquisita?
Sempre fui uma espécie de bicho-do-mato, quem me conhece bem sabe, se bem que nos últimos 8 anos me tenho aproximado cada vez mais da civilização. Para alguma coisa serve envelhecer! Mas nos meus tempos áureos de selvagem, bem me lembro de desejar ter um livro que me dissesse tudo o que eu gostaria de saber sobre relações humanas. Quando saber avançar, como proceder, o que conversar, telefonar ou não, quando é demais, quando dou a menos... Oh, quantas vezes não desejei um "How to" da vida na minha estante! "Como conhecer pessoas em 5 minutos" ou "Saiba como proceder em sociedade" ou "Como pertencer". Enfim, para mim isto era um dos grandes mistérios da vida, sem qualquer sentido. Passei a minha adolescência assim, onde conhecer alguém novo equivalia a uma viagenzita ao Inferno.
Claro está que me estou a referir a relações normais entre pessoas, aquelas de amizade ou de simples coleguice, porque isso de relações amorosas levaria um blog inteiro para contar! Limitemo-nos ao normal e a este post!

Viver num país estrangeiro exige sem dúvida um esforço extra para conhecer gente. E o facto de a língua não ser a minha, também não ajuda. Oh, que saudades dos meus comentários irónicos ou apenas engraçados que me ajudavam a ultrapassar aquela barreira tão penosa! É que isto numa língua estrangeira não funciona, ou por outra, eu em alemão raramente consigo ser engraçada ou sarcástica! Que golpe! Enfim, já tive os meus momentos de graça, por aqui, mas são pobrezitos comparados com a versão portuguesa, e deixam-me completamente insatisfeita!

Bom, estava eu a contar que a minha leitura e o meu degustar de um cappuccino foram interrompidos por um casal que chegou. Percebi pela forma como falavam e pelo que diziam (então, não tenho culpa que falem alto, não posso ignorar o que dizem!) que tinham acabado de se conhecer, por alguma razão, e que tinham decidido tomar um café. Muito bem! Ainda há gente normal, pensei para mim!

Mas é aqui que a minha teoria se comprova! Como é ridícula a nossa figura quando conhecemos alguém! E agora imaginem isto em dois adolescentes, pronto jovens, vá, de 20 aninhos, que estarão também, claro, porque já estamos na Primavera e as hormonas começam a comprometer-nos, interessados em mais do que uma simples amizade. Afinal de contas, ela é uma giraça e ele está todo vestido à moda e até pagou os cafés!
Risadinhas e gargalhadas, leves toques no braço ou na mão um do outro, palmadinhas leves, "Deixa-me provar o teu cappuccino!" ou "Oh sim, e prova tu o meu latte macchiato! Está muito delicioso!", troca de idades e consequentes risos, troca de ocupações actuais e um "ai que coincidência!", números de telefone para aqui e para ali, e por aí em diante. Digamos que este ritual em questão demorou mais de duas horas e nunca saiu deste padrão, tão engraçado e fofo, pois então!
E a conversa só acabou, com muita pena do macho desta observação, porque a fêmea tinha combinado encontrar-se com a mamã. Pois imagina-se a cara de desilusão do rapazito que já estava a imaginar um serão acompanhado. Mas nada temas, rapaz, a menina também parecia bastante interessada, sim senhora! E aquilo do telefonema não era nada mentira, devia ser mesmo a mamã! Porque raio é que ela iria mentir?

Enfim, eu cá vou ficando na minha
shell, demorando o tempo necessário para conhecer novas gentes e enfrentar aqueles 5 minutos de conversa onde nada parece ligar-nos. E se me serve de consolo, sei que há muitos por aí assim, disfarçados na suas máscaras populares!

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Que mundo temos hoje?

terça-feira, 1 de maio de 2007

uma lição de história para mim

Confessada a minha ignorância quanto à origem do Dia do Trabalhador, lá fui eu à procura de respostas nesta fase em que fiz as pazes com a Internet!

Tudo começou nos Estados Unidos, em 1886, com uma manifestação de trabalhadores em Chicago que exigiam oito horas de trabalho diárias! Confesso que fiquei surpreendida, sempre pensei que
a questão viria da Europa! Na verdade vem, porque a decisão de convocar uma manifestação anual para lutar pelas oito horas de trabalho diárias, em 1889, veio da Internacional Socialista em Paris. A data escolhida, 1 de Maio, surgiu apenas como homenagem à manifestação feita em Chicago, que durou vários dias e que cujo culminar, a 4 de Maio, ficou conhecido como a Revolta de Haymarket.
Sim senhora!

Hoje por cá também é dia de distúrbios, manifestações, confrontos... enfim! Quem inaugurou esta "tradição" foi a Esquerda que começou por sair à rua sempre no dia 1 de Maio, talvez para continuar com a decisão dos socialistas de 1889. Agora, não são só os grupos de esquerda, radicais, mas também os de direita que seguem com a história! É engraçado, porque estes dois grupos acabam sempre por se encontrar por Berlim, neste dia, o que dá direito a uma pequena guerra! Felizmente, a câmara já sabe o que a casa gasta e por isso arma a cidade até aos dentes com polícias, carros blindados e todo o arsenal possível e imaginário!

Para além destes dois, há mais grupos que provocam distúrbios pela cidade, principalmente em dois bairros conhecidos daqui: Kreuzberg e Prenzlauer Berg. Esta zona é a mais colorida de Berlim, devido à diversidade de nações que por ali são representadas! Uma zona Multi-Kulti, como se diz por cá. É claro que a maioria é turca, mas há muitas outras culturas, vindas dos quatro cantos do mundo. Os distúrbios nesta zona são provocados por Punks, gangs de putos turcos e outros que tais! A situação chega mesmo a ser violenta, com batalhas de pedras e outro armamento bélico improvisado, e carros incendiados... Enfim, uma pequena guerra que dura um dia e que voltará a despertar daqui a um ano. Deve ser uma espécie de terapia. Não me parece mal! Deixar sair o nosso lado raivoso só um dia por ano é capaz de ser um bom negócio!


Muitas pessoas não saem de casa, e eu fui aconselhada a fazer o mesmo. Mas, enfim, com um dia tão bonito como este... quem consegue resistir a um passeio ao sol!