terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Mas andamos prá frente ou quê?

Tenho uma nova aluna.
Será melhor começar pelo princípio! A minha pessoa mora neste momento, e já há um ano, em Berlim. Entre outras coisas, dá aulas de português para estrangeiros, coisa que acontece pouco, porque suas excelências alemães não se interessam muito pelo português ou por Portugal!
É incrível como Espanha é amada por estes lados! Espanha, espanhol, comida espanhola, férias em Espanha... E Palma de Maiorca? Há uma grande comunidade de alemães em Palma! E os que não vivem lá, vão lá passar férias, compram casas...
Enfim, estava precisamente a falar sobre isso com a minha nova aluna e fiquei espantada com a reacção dela! Aparentemente (e claro, também é por isso que tem interesse em aprender português), ela adora Portugal, tem lá amigos e sempre foi muito bem tratada. Até dá gosto vê-la falar sobre o nosso país! Os olhos brilham!

Depois comecei a pensar... Porque raio é que os alemães preferem a Espanha?

Porquê? Não é óbvio? Nós não publicitamos o nosso país! Não espalhamos a sete ventos a costa linda que temos, o Algarve quente que possuímos, a gente simpática que somos, a comida boa que fazemos, o campo verde que ainda vamos tendo... Onde está a vontade deste país de crescer? Porque não mostramos os nossos braços abertos, abertos para receber gente de fora que nos vem visitar, consumir-nos, trazer dinheiro? Falta de vontade!

Ainda no outro dia recebi um mail sobre um artigo que tinha saído num jornal. O jornalista falava de um país evoluído, cheio de gentes competentes... e no fim revelou ser Portugal o país de que estava a falar. Sim, eu não duvido! Mas onde está então esse país? Ainda temos muito que crescer, mas sinto que estamos no bom caminho! A legalização do aborto foi um passo grande e outros virão. E cada vez tenho mais a certeza que é de nós (eu, os meus amigos, estas gerações novas) que tem de partir esta iniciativa de crescer!

De que temos medo? Comecemos já!

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

What Kind Of Pie Am I?




You Are Cream Pie



You're the perfect combo of simplicity and divinity

Those who like you live for understated pleasures

A mulher como ela é...







Sempre senti um fascínio por esta mulher.
Na realidade sinto que representa cada uma de nós. Ela é o símbolo do feminino, da sensualidade, do mistério...

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Lady in the Water

No outro dia vi o último filme do Shyamalan. Chama-se Lady in the Water, já devem ter ouvido falar, apesar de não ter tido tanto sucesso como os outros que ele realizou.
Confesso que quando vi o trailer me decidi logo que não o ia ver. Fiquei até com pena, porque já tinha visto os filmes todos dele até então, e tinham todos (uns mais, outros menos) um je ne sais quoi de interessante, de intriguing, de proximidade.
Não sei bem porquê, mas gosto da criatura. Para além do seu ar simpático (e fofo, pronto, tenho que o dizer!), intrigam-me algumas ideias que ele tem, ainda por cima em alguém tão novo. Provavelmente os críticos cinéfilos portugueses, pseudo-intelectuais, que usam um vocabulário que a mim não me diz rigorosamente nada, devem estar a saltar do alto da sua cadeira, perante tais palavras. I don't really care! Se há classe que mais me irrita em Portugal é a dos pseudo-intelectuais mais o seu vocabulário elitista.
Bom, mas continuemos.
Fiquei então um pouco triste quando me apercebi de que este filme não ia ser tão bom como os outros dele. O trailer, devo dizer, torna o filme infantil e ridículo. Não gostei mesmo nada!
Felizmente, por obra do destino, ou apenas do meu namorado!, o filme apareceu cá por casa, e eu, sem qualquer entusiasmo, deixei-me arrastar até ele.
Ainda bem!!! Olha se eu nunca via o filme influenciada por um trailer estúpido. Ia ser uma grande perda!
É a história em si, fantástica, que foi tão harmoniosamente fundida com a realidade de um condomínio e os seus moradores, cada qual com a sua loucura. É a forma como ele junta toda a gente (une, reune) e faz com que eles tão facilmente acreditem em algo inacreditável. Senti, de forma tão natural e fluída, a crença do ser-humano, a união para que algo seja reposto, mesmo que esse algo não exista no nosso mundo real. Foi a forma como ele conseguiu com que todos acreditassem... como ele criou tão bem as personagens, cada qual diferente, para que no fim se completassem...
Conhecem aquela sensação que muitos temos de que o ser-humano simplesmente deixou de acreditar? Pois é, por mais que lute contra isso, muitas vezes eu própria deixo de acreditar... até que, felizmente, de vez em quando, surge algo que me puxa novamente das profundezas... Viva esses momentos, por que deles é feito o meu interior!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

E agora de cabeça mais fria...

Depois de uns dias de festejo e de uma vitória assinalada com um gigantesco SIM por uma Me Myself & I muito sorridente, é tempo de pensar no que realmente aconteceu.
Aqui vai:
Tivemos 56% de abstenção, o que me leva a sentir uma certa vergonha de ser portuguesa. Perdoem-me as pessoas mais sensíveis que estejam a ler isto, mas 56% é um número lamentável para um país que se farta de queixar! E o que me deixa ainda mais triste, desiludida, é o facto de o clima ter sido nomeado como desculpa. Estava a chover, era? Não queria apanhar uma gripe, pois não? Claro, eu entendo, então. Quem é que gosta de andar constantemente a espirrar? Eu não! Tem toda a razão! As mulheres que continuem a ser presas e humilhadas ou que morram na mesa de alguma senhora que tenha jeito com as agulhas. O problema não é seu. Tome lá o seu cházinho e sente-se confortavelmente no sofá que isso já passa.
Peço desculpa ao Sr. António ou à D. Joaquina por estarem a sentir-se atacados. Se por acaso acham que este tema, e este referendo, nada tem a ver convosco, então talvez devessem mudar-se para outro planeta, onde os problemas se reduziriam à busca de oxigénio. Boa viagem!
Bom, avancemos!
Um número muito mais agradável foi os quase 60% de votos a favor da despenalização da IVG! Só é pena que não tenha chegado aos 60%! Fiquei agradavelmente surpreendida! Muito mais quando observei os números de perto e me apercebi de que em todos os distritos (TODOS!) o número de votantes subiu assim como o número de votos no Sim. Parabéns!
Ainda assim muito menos graves do que os 56% de abstenção, os 41 % (de votos no Não) deixaram-me novamente muito mal disposta! Outro acontecimento lamentável.
Depois de tanta campanha, movimentos pelo sim, explicações, bons argumentos, ainda houve 40% de votantes a dizer Não. Depois ainda me dizem que não devia ficar envergonhada quando leio no jornal que Portugal é o único país, juntamente com Malta, Polónia e outro qualquer, a ainda proibir o aborto. Como é que eu posso não ficar envergonhada, quando estamos já no século XXI e muitas vezes ainda pensamos como se vivêssemos em plena Idade Média!
Imaginem a minha cara (ou a deles, claro!) quando digo aos alemães que conheço por aqui por Berlim que finalmente vamos conseguir ter uma lei que permita o aborto.
Bom, acho que vou terminar por aqui. Este assunto ainda me deixa um tanto ou quanto incomodada, apesar do triunfo óbvio que tivemos!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

SIM!

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Today is the day...

Não posso deixar passar este dia sem postar aqui a importância que este domingo, dia 11 de Fevereiro de 2007, representa para Portugal.
Hoje é o dia em que podemos, através de uma simples cruz, acabar com a hipocrisia, acabar com este costume idiota de esconder, de tornar tabu. Hoje é o dia em que Portugal vencerá preconceitos imbecis e conservadores!
Estou certa de que este poderá ser um dia determinante para todos nós, um dia em que poderemos começar a cortar com ideias castradoras, conceitos conservadores... Hoje é o primeiro dia do resto da nossa vida em que poderemos finalmente sentir-nos livres para fazer uma escolha!
E depois deste dia, muitos outros virão, com outras mudanças e outras liberdades!
Ao dia de hoje e ao SIM!

Querido povo que não regula bem da cabeça...

Folheando virtualmente um dos nossos jornais diários encontrei uma citação do Sr. Vasco Pulido Valente que me deixou bastante surpresa. Não que fosse disparatada, porque apesar de ter o seu quê de loucura até fazia algum sentido, e foi precisamente isso que me surpreendeu. E se for mesmo isso? E se afinal a resposta for tão simples?

«O mal dos portugueses não está no atraso, na pobreza, na iliteracia ou em qualquer falha remediável e normal. O mal dos portugueses está em que manifestamente não regulam bem da cabeça. E contra isso não há nada a fazer.»

Não pude deixar de postar aqui esta declaração, é absolutamente deliciosa! E de alguma forma me orgulho de nós por sermos tão originalmente não reguladores da cabeça! Definitivamente os portugueses não regulam bem da cabeça, e contra isso não há nada a fazer!

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Sim ou Não?

Nunca ninguém disse que este era um assunto do qual se devia falar com leveza, nunca ninguém disse que a escolha é fácil, ou que se deve tomar de ânimo leve... E se disse, estava enganado! Não, nem sequer devemos pensar dessa forma.
Lembro-me como há uns anos para mim a resposta a esta pergunta era simples: "Concorda com o aborto?" "Sim! Claro! Que outra resposta poderia dar!". Para mim era uma questão democrática, uma questão de direitos da mulher. A mulher deve ter direito a tomar qualquer decisão relacionada com o seu próprio corpo, e se pensarmos bem, relacionada também com a sua própria vida. Era simples, não havia mais nada em que pensar. Depois de milhares de anos de subjugação, de humilhação, chegávamos ao século XX ainda com este tipo de questão por resolver. Não podia ser!
Hoje, com mais uns anos de juízo e reflexão em cima, vejo as coisas de outra forma. A minha resposta continua a ser a mesma "Sim!", mas a forma como eu elevo a caneta para fazer a cruz no boletim de voto é bem mais ponderada, muito mais consciente.
Os anos da adolescência são sempre marcados pelo impulso e por uma ideia de que temos sempre razão. Agora, a caminho dos 30 (se bem que ainda longe!!!), as coisas tornam-se muito mais relativas.
Se o aborto deve ser legalizado? Sim, sem dúvida! Mas isso não quer dizer que de cada vez que não tivermos um preservativo por perto ou qualquer outro tipo de contraceptivo o aborto se vá tornar numa hipótese viável se por acaso alguma coisa acontecer. Não, as coisas têm que ser pensadas e repensadas!
Sinceramente, é isso que me deixa triste. Não acho que o nosso país esteja preparado para uma legalização do aborto, mas também não penso que esperar mais tempo vá resolver alguma coisa. Temos que agir, educar as nossas crianças, trazer a educação sexual para as escolas, tirar à igreja a importância idiota que ainda hoje lhe damos. Quantos portugueses irão votar NÃO apenas porque o sr. padre disse que quem votar SIM perderá o seu lugar no Céu? Muitos! Muitos, como aconteceu da primeira vez.
Eu votaria SIM se a distância me permitisse. Infelizmente estar longe do nosso país ainda complica as coisas em relação ao voto.
Mas se não posso votar SIM fisicamente, voto SIM na minha consciência, voto SIM perante todos. SIM para que a mulher que tenha que sofrer uma perda destas, a sofra de forma mais acompanhada. SIM porque estamos já no século XXI, porque os nossos pais lutaram para que houvesse liberdade há 32 anos, porque temos direito a uma escolha. SIM para acabar com negócios obscuros e nojentos, que exploram a fragilidade da mulher. SIM para que os homens também se apercebam de que o problema não é só de quem carrega o feto no ventre.
SIM, porque sim, mas com consciência.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Natureza humana? O que é isso?

Uma amiga minha falava no outro dia no seu blog sobre a natureza humana.
A natureza humana... O que é isso? Muitas vezes me pergunto se ainda resta algo de natureza humana em nós. É que sinceramente não me parece... Ou será que a natureza humana é mesmo isto? A mim parece-me que a humanidade tem andado com um comportamento um pouco esquisito nos últimos tempos. Muito pouco natural, direi mesmo!
Ora vejamos: temos a senhora do supermercado que se mete sempre à frente na fila; temos o senhor que está sentado no jardim e que sempre que pode faz um comentário desagradável; ah, depois há também a senhora do consultório médico que nasceu com uma deficiência nas glândulas da simpatia... Ah, sim, mas é a isso que chamamos natureza humana, não é? Às resmunguices dos outros.
Bom, então se calhar posso falar do tão pouco natural senhor Arbusto, e do tão pouco natural povo que o elegeu pela segunda vez. Também posso mencionar o senhor da Madeira que adora o seu jornalinho e lhe vai dando presentes de vez em quando. Ah, sim, já ouviram falar de todas as hipocrisias que se têm vivido nos últimos dias em Portugal por causa de tão polémico referendo? "Vai votar Sim? Veja lá se depois não perde o seu lugar no céu!"

Die Sonne scheint!

Die Sonne scheint! E isso só quer dizer que se está sol Me, Myself & I estão muito contentes! E não é que até parece que o dia está mais colorido hoje?
Vá lá, só porque muitos de nós não escolheram o caminho onde a erva é mais comprida, não quer dizer que as nossas vidas sejam menos interessantes!
Aliás, eu ainda não desisti de seguir pelo road not taken . Só preciso de o descobrir! E, acreditem ou não, esse dia já esteve bem mais longe!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

the road less traveled by

Redescobri há uns dias The Road Not Taken e percebi como naquela altura em que o li pela primeira vez senti uma vontade imensa de ter coragem para escolher a road "less traveled by".
Fiquei curiosa em saber se seguiria, algum dia, este caminho...