sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

uma tarde na polícia

No domingo tive uma aventura curiosa, ou pelo menos nova!
À hora de almoço recebo um telefonema de uma senhora, que pertencia a uma empresa de tradução (para a qual eu tinha enviado, há 2 anos, o CV), que me pedia que eu fosse à polícia que fica perto de um dos aeroportos aqui de Berlim. Aparentemente, havia alguém em apuros que precisava urgentemente de um intérprete.

Confesso que não estava lá com grande vontade... Era domingo, estava cansada porque tinha trabalhado a manhã toda, ainda por cima estava a nevar a potes (potes talvez não, pronto, cats and dogs? bom, you know what I mean!) e por isso só havia mesmo vontade para ficar em casa a tarde toda, no quentinho, a ver DVDs com a companhia certa, acompanhada de um cappuccino saboroso. Além disso, alemão judicial não é propriamente o meu forte, e foi isso mesmo que disse à senhora. A senhora lá respondeu, sem saber o que fazer, que não era nada de importante, devia ser um assalto, ou coisa assim...
E pronto, o raio da minha consciência começou a picar-me, lá imaginei um desgraçado de um português inocente preso nas garras do sistema judicial alemão por alguma razão idiota, que para além disso não percebia uma palavra de alemão... Lá fui!

Bom, long story short:
O "criminoso" era brasileiro (coisa que eu fiz questão de dizer logo! Há que defender o nosso país!) e estava em posse de um bilhete de identidade português falso! Lindo!
Depois de muita conversa e histórias, ou talvez estórias, porque o que o preso contou devia ser tudo menos realidade... (mas quem sou eu para julgar!) lá se resolveu a questão! O estado alemão é muito benévolo e deu uma oportunidade ao senhor para tratar da situação. Enfim!

Conclusão tirada de uma tarde de domingo passada na esquadra de polícia:
- os polícias são pouco simpáticos em todo o lado (se bem que noutra ocasião em que tive que ir à polícia, cá, apanhei um senhor polícia muito querido!);
- os polícias não sabem trabalhar com computadores! Escrevem muito devagar com o teclado, andam ali às voltas à procura das coisas, e olham para o aparelho que têm à frente como se fosse um bicho;

- o estado alemão é politicamente correcto e tenta sempre resolver a questão de uma forma mais socialmente correcta (vejam lá que até estavam preocupados porque o preso não tinha onde dormir, e até lhe ofereceram a cela, apesar de ele já estar livre, para ele poder dormir);
- vi como as pessoas são estúpidas e pensam que, com uma cara inocente e coitadinha e uma história idiota e inventada, os polícias caem em tudo;
- vi uma cela de prisão pela primeira vez na minha vida;
- e pronto, conheci mais uma realidade!

3 comentários:

Rachelet disse...

E não é que já estive na mesma situação e também paniquei para nada?
Também me meteram a fazer de intérprete mas num julgamento de tribunal por uma senhora congolesa ou algo assim (falava um francês macarrónico e estava gravidíssima) ter entrado no país com passaporte falso ou caducado.
Ela fez-me penar as passinhas do Algarve para perceber uma história rocambolesca em que supostamente ela iria a Paris fazer compras para o seu cabeleireiro e fazia escala em Lx.
Lá saiu com termo de identidade e residência e eu a pensar que tinha gasto o meu latim para nada...

Me, Myself & I disse...

Ahahah! Pois, estou a imaginar! O inglês da minha vizinha, dos Camarões, também é assim! Não consigo perceber quase nada!

Mas enfim, pelo menos a tua saiu com termo de identidade e residência, o meu nem isso!

Anónimo disse...

Oh dona!
não há post novos?!?!?!?