terça-feira, 8 de julho de 2008

um novo começo

Quem é que não gosta de se deitar numa cama feita de lavado, novinha, fresquinha e cheirosa? Quem não sente algo diferente ao abrir um caderno novo, cujas folhas imaculadas ainda não foram conspurcadas?

E não é só com coisas inanimadas que isso acontece, claro! Pelos menos para mim!
Apesar de ser um pouco bicho do mato a ideia de conhecer alguém é-me muito atraente. Sim, é verdade que não gosto muito daquele primeiro contacto: nunca sei muito bem o que dizer...
No entanto, adoro aquela pessoa inteira que está ali à minha frente, cheia de possibilidades, cheia de novidades, manias, coisas para contar, com uma vida secreta, com uma gargalhada característica, por vezes ridícula, insegura, cheia de si, simpática, insuportável, com uma paleta imensa de ideias diferentes, conhecimentos... Hum, é como entrar numa loja de chocolates, experimentar todas as nuances, branco, de leite, e todos aqueles por centos de chocolate negro, mais todos os ingredientes que podemos juntar ao dito cacau! É um mundo de possibilidades delicioso!

Começar um curso novo de português é a mesma coisa. É incrível como na primeira aula já dá para ver tanto de uma pessoa!
Na semana passada comecei um curso de português para principiantes. E numa hora e meia consegui perceber que a J. mostra ser muito alemã e rigorosa, quase má até (eu fui com ela no elevador, ainda sem saber que era minha aluna, e senti um leve medo), mas na verdade está é insegura com a perspectiva de enfrentar algo novo e fica vermelha de cada vez que vai responder.

Depois há também duas meninas novas, 17, 18, muito adolescentinhas, que fazem sempre tudo juntas, nunca se largam, e cochicham sempre sobre tudo!

A seguir tenho a A., muito segura de si, muito calma, sabe o que quer, e adora fazer perguntas em relação à pronúncia exacta de qualquer palavra em português.
Ao lado está a R., calada que nem um rato, ali no cantinho, que percebe mais de português do que as outras todas, mas que só observa, pouco participa.

A última (com um nome que para nós portugueses é engraçado: Cortina) é a típica menina rato de biblioteca, com óculos, carinha inocente, que já estudou francês, espanhol e italiano, e achou que podia pegar agora no português, porque não, já que ficaria assim o ciclo completo. Essa é introvertida, mas percebe tudo.

Mas enfim, é curioso como a visão do lado de cá, do lado do quadro (ia dizer "do lado do estrado" mas esses tempos já passaram! Felizmente! Eu ainda sou do tempo disso. A minha prof da primária adorava o seu "palco"!) nos oferece tanto! E como as pessoas, em certas situações, são livros abertos, completamente transparentes!

2 comentários:

Rachelet disse...

Sra. professora, gosto muito do seu papel de parede!

Muita sorte com os seus alunos, ou melhor alunas, que parece que só as mulheres se interessam pelo português...

Me, Myself & I disse...

Oh pá, nem me fales! Quando olhei para a lista e vi sete nomes de gajas... Fiquei logo com o masculino comprometido! :D
Enfim, diga-se que as coisas são sempre mais interessantes com gajas e gajos numa sala! Oh well!

P.S. É giro o papelito de parede, não é? Achei que devia pôr a casa mais janota!