sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Sim ou Não?

Nunca ninguém disse que este era um assunto do qual se devia falar com leveza, nunca ninguém disse que a escolha é fácil, ou que se deve tomar de ânimo leve... E se disse, estava enganado! Não, nem sequer devemos pensar dessa forma.
Lembro-me como há uns anos para mim a resposta a esta pergunta era simples: "Concorda com o aborto?" "Sim! Claro! Que outra resposta poderia dar!". Para mim era uma questão democrática, uma questão de direitos da mulher. A mulher deve ter direito a tomar qualquer decisão relacionada com o seu próprio corpo, e se pensarmos bem, relacionada também com a sua própria vida. Era simples, não havia mais nada em que pensar. Depois de milhares de anos de subjugação, de humilhação, chegávamos ao século XX ainda com este tipo de questão por resolver. Não podia ser!
Hoje, com mais uns anos de juízo e reflexão em cima, vejo as coisas de outra forma. A minha resposta continua a ser a mesma "Sim!", mas a forma como eu elevo a caneta para fazer a cruz no boletim de voto é bem mais ponderada, muito mais consciente.
Os anos da adolescência são sempre marcados pelo impulso e por uma ideia de que temos sempre razão. Agora, a caminho dos 30 (se bem que ainda longe!!!), as coisas tornam-se muito mais relativas.
Se o aborto deve ser legalizado? Sim, sem dúvida! Mas isso não quer dizer que de cada vez que não tivermos um preservativo por perto ou qualquer outro tipo de contraceptivo o aborto se vá tornar numa hipótese viável se por acaso alguma coisa acontecer. Não, as coisas têm que ser pensadas e repensadas!
Sinceramente, é isso que me deixa triste. Não acho que o nosso país esteja preparado para uma legalização do aborto, mas também não penso que esperar mais tempo vá resolver alguma coisa. Temos que agir, educar as nossas crianças, trazer a educação sexual para as escolas, tirar à igreja a importância idiota que ainda hoje lhe damos. Quantos portugueses irão votar NÃO apenas porque o sr. padre disse que quem votar SIM perderá o seu lugar no Céu? Muitos! Muitos, como aconteceu da primeira vez.
Eu votaria SIM se a distância me permitisse. Infelizmente estar longe do nosso país ainda complica as coisas em relação ao voto.
Mas se não posso votar SIM fisicamente, voto SIM na minha consciência, voto SIM perante todos. SIM para que a mulher que tenha que sofrer uma perda destas, a sofra de forma mais acompanhada. SIM porque estamos já no século XXI, porque os nossos pais lutaram para que houvesse liberdade há 32 anos, porque temos direito a uma escolha. SIM para acabar com negócios obscuros e nojentos, que exploram a fragilidade da mulher. SIM para que os homens também se apercebam de que o problema não é só de quem carrega o feto no ventre.
SIM, porque sim, mas com consciência.

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